Mulheres na linha de frente da em Gaza
Montagem mostra as soldados israelenses (da esquerda para a direita) Marom, Shana e Eliora, da unidade de infantaria mista do batalhão Bardelas, na fronteira entre Israel e Egito, em 18 de janeiro de 2024 – AFP
20/01/2024 – 13:44
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Com um rifle M16 no ombro, Marom patrulha o deserto na fronteira entre Israel e o Egito. A soldado de 21 anos, membro do batalhão Bardelas, foi uma das primeiras mulheres israelenses a lutar em Gaza, onde passou recentemente duas semanas.
A ofensiva terrestre de Israel em território palestino, em reposta ao sangrento ataque do Hamas em 7 de outubro no sul israelense mudou a atitude dos militares em relação às mulheres.
“Podemos ver a mudança, podemos ver a aceitação das meninas que vão lutar”, disse Marom, que, tal como outras soldados entrevistadas, não quis revelar seu sobrenome devido às normas militares.
Desde as primeiras fases da guerra, houve indignação com os relatos na imprensa de que, nos meses anteriores ao ataque do grupo islamista palestino, os líderes militares haviam ignorado os avisos das jovens mulheres que ocupavam postos de sentinela na fronteira com a Faixa de Gaza.
“É um grande erro e não sei como aconteceu”, declarou Eliora, de 20 anos.
Entretanto, agora, com três meses de guerra, as mulheres afirmam que estão sendo aceitas.
Shana, uma comandante de batalhão de 23 anos, acha que a guerra mostrou que as mulheres combatentes podem assumir um papel mais importante.
No início, com o cabelo saindo do capacete, (os soldados) nos olhavam um pouco estranho, mas no final estamos prontas, treinamos para isso”, disse ela.
O ataque do Hamas deixou cerca de 1.140 mortos em Israel, a maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em números oficiais.
Os combatentes islamistas também sequestraram cerca de 250 pessoas, das quais Israel acredita que 132 permanecem cativas em Gaza. Segundo um relatório da AFP baseado em números israelenses, pelo menos 27 reféns foram mortos.
Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas e lançou uma ofensiva aérea e terrestre que matou quase 25 mil palestinos, majoritariamente mulheres, crianças e adolescentes, segundo o Ministério da Saúde do movimento islamista, que governa Gaza desde 2007.
– Igualdade –
“Queremos manter a segurança dos civis em Gaza na medida do possível, mas isso é uma guerra”, disse Marom, que foi destacada para Khan Yunis, cidade ao sul do território israelense e atual epicentro dos combates.
Segundo o Exército de Israel, desde o início de sua ofensiva terrestre, no final de outubro, 194 de seus soldados morreram e um militar de 19 anos, Noa Marciano, morreu em Gaza após ter sido sequestrado no dia 7 de outubro. O Hamas afirma, por sua vez, que ele foi morto em um bombardeio israelense.
Mesmo antes da criação do Estado de Israel em 1948, as mulheres desempenhavam um papel importante na milícia clandestina judaica Haganah sob o Mandato Britânico, que mais tarde formaria o núcleo do Exército israelense.
Atualmente, a maioria dos homens israelenses é obrigada a completar dois anos e oito meses de serviços militares a partir dos 18 anos, enquanto as mulheres devem cumprir dois anos.
Entre 2013 e 2017, o número de mulheres combatentes aumentou 350%, de acordo com dados recolhidos pela organização Israel Democracy Institute.
“Vejo cada vez mais mulheres, quando completam 18 anos, querem servir em combate”, afirmou Marom.
Segundo o Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Tel Aviv, as mulheres representam menos de 20% das forças militares. Em 2022, a instituição divulgou um relatório que cita barreiras residuais que as impedem de ingressar em certas unidades de elite e o “teto de vidro” que isso representa “durante e após o serviço”.
Marom não quis especular sobre o que fará depois da guerra. “Quando vencermos esta guerra — e vamos vencê-la — chegará o momento de fazer planos de vida”, afirmou.